Nos últimos tempos, a questão da veracidade dos beneficiários do programa Bolsa Família tem se tornado uma área de foco. Ao longo do primeiro semestre deste ano, técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) descobriram que mais de um quinto das famílias beneficiárias do programa não satisfaziam os requisitos necessários.
O Problema
Estudos apontam que cerca de 22,5% das famílias beneficiárias não atendiam aos critérios do Bolsa Família até Maio de 2023. As irregularidades incluem inconsistências de endereço, de renda e de composição familiar. Essas descobertas levantam questões sobre a eficácia dos mecanismos de controle e monitoramento do programa.
O Impacto
As irregularidades, se não tratadas, poderiam custar aos cofres públicos um prejuízo estimado em R$ 34 bilhões neste ano. Essas informações vêm de um relatório do TCU, que foi avaliado em uma sessão recente.
A Investigação
O relatório surgiu de uma auditoria realizada no Cadastro Único (CadÚnico) que supervisionou R$ 285 bilhões em recursos do Bolsa Família entre Janeiro de 2019 e Junho de 2023. Durante a auditoria, foram identificados quase 30 mil CPFs inválidos e cerca de 283 mil registros com indícios de óbito.
A Ação Governamental
Desde o começo do ano, a União tem intensificado esforços para combater possíveis fraudes no benefício. Em Abril, ocorreu um bloqueio de 1,2 milhão de benefícios devido a cadastros desatualizados. Mais recentemente, em Outubro, foram desligadas 297,4 mil famílias do Bolsa Família por não cumprirem as regras.
As Falhas Identificadas
Os técnicos do TCU apontam várias falhas no programa Bolsa Família. Essas incluem autodeclaração sem os devidos controles, supervisão e monitoramento inadequados dos dados pelo Ministério do Desenvolvimento Social, apoio e capacitação insuficientes, verificação domiciliar de dados inadequada, e várias falhas na execução das atividades relacionadas ao programa nos municípios.
As Propostas de Melhoria
O TCU propôs uma série de medidas para corrigir esses problemas. Entre elas estão a criação de sistemas de supervisão e monitoramento das gestões estadual e municipal nas atividades do Cadastro Único e a implementação de uma sistemática de avaliação periódica dos dados.
Estratégias Adicionais
Os técnicos sugerem ainda que o governo crie estratégias mais eficientes de comunicação, capacitação e de apoio aos agentes do cadastro na esfera municipal. Eles também recomendam que o Congresso Nacional seja informado das conclusões da auditoria para aprimorar a legislação sobre o assunto.
Acompanhamento das Sugestões
Caso o relatório seja aprovado, o TCU se compromete a monitorar as recomendações para garantir a implementação das medidas propostas.
Medidas Recentes
Em Outubro, o governo federal inaugurou um órgão específico para fiscalizar e combater fraudes no programa Bolsa Família.
Desafios Futuros
No entanto, a falta de conhecimento nos municípios sobre as regras do programa e a falta de investimentos na rede de assistência nos últimos anos representam desafios significativos para o governo. A tarefa de revisar e atualizar o Cadastro Único de programas sociais é considerada crucial, mas tem se deparado com desinformação, falta de capacitação dos agentes que atuam na ponta e o desmonte dos centros de atendimento.
Desafio do governo
Em suma, o governo enfrenta o desafio de identificar com precisão quem tem direito ao benefício e quem está burlando o cadastro, corrigir os problemas e incluir quem precisa e ainda está fora do alcance dos programas. Tudo isso em um contexto de reestruturação da rede Sistema Único de Assistência Social (Suas), que foi sucateada. Os repasses caíram de R$ 2,4 bilhões em 2019 para R$ 905,7 milhões em 2022, evidenciando a necessidade de ações urgentes para garantir que os benefícios cheguem a quem realmente precisa.