O programa Bolsa Família é uma importante iniciativa do governo brasileiro que visa a oferecer apoio financeiro a famílias em situação de vulnerabilidade social. Atualmente, o programa contempla cerca de 21,4 milhões de famílias, beneficiando aproximadamente 56 milhões de pessoas em todo o país.
Com o intuito de incentivar o empreendedorismo e proporcionar uma transição mais suave para os beneficiários, o Ministério do Empreendedorismo está considerando implementar uma política de proteção de dois anos para aqueles que desejam se tornar Microempreendedores Individuais (MEIs).
A proposta de proteção para beneficiários do Bolsa Família que se tornam MEIs
O Ministro do Empreendedorismo, Márcio França, revelou que está avaliando a implementação de uma nova política de proteção para os beneficiários do Bolsa Família que decidem se formalizar como MEIs. A ideia é garantir que durante os dois primeiros anos após a formalização, esses empreendedores não arrisquem perderem o benefício do programa.
Segundo o Ministro França, aproximadamente 70% dos MEIs possuem uma renda mensal de até dois salários mínimos, o equivalente a R$ 2.640. Ele ressalta que a formalização como MEI não é uma garantia de enriquecimento, mas sim um complemento de renda que pode se somar ao benefício do Bolsa Família.
O objetivo é acompanhar e orientar esses empreendedores durante o processo de transição.
A regra atual para beneficiários do Bolsa Família que se tornam MEIs
Atualmente, a regra em vigor não impede que um beneficiário do Bolsa Família se torne MEI, desde que a renda familiar mensal não ultrapasse R$ 660 por integrante familiar. Caso a renda per capita familiar ultrapasse esse valor, mas se mantenha abaixo de meio salário mínimo (R$ 660), a família pode permanecer no programa por até dois anos, recebendo 50% do valor do benefício correspondente ao seu perfil familiar.
Dados do Observatório do Cadastro Único (CadÚnico) mostram que existem aproximadamente 12,2 milhões de pessoas inscritas no CadÚnico que trabalham por conta própria. Esses dados evidenciam a importância de criar políticas que incentivem a formalização desses empreendedores, permitindo que eles possam crescer e contribuir ainda mais para a economia do país.
A transição para Microempresa e a nova política de tributação
Além da proposta de proteção para os beneficiários do Bolsa Família que se tornam MEIs, o Ministro França também está estudando a criação de uma nova política de transição para Microempresa, que deve ser implementada a partir de 2024. O objetivo é facilitar o processo de crescimento e evolução dos MEIs, evitando burocracias e simplificando a gestão tributária.
Atualmente, os empreendedores que faturam entre R$ 500 e R$ 6.750 por mês pagam os mesmos tributos em uma guia única, o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS). O valor do DAS varia de R$ 67 a R$ 72, dependendo da atividade desempenhada pelo microempreendedor. Essa quantia inclui tributos como INSS (Previdência Social), ISS (Imposto Sobre Serviços) e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
O Ministro França está avaliando a possibilidade de tributar apenas o valor que ultrapassar o teto de faturamento do MEI, que atualmente é de R$ 81.000 por ano (R$ 6.750 mensais, em média). Dessa forma, se o MEI arrecadar, por exemplo, R$ 90.000 em um ano, não será necessário fazer a transição automática para Microempresa. Serão cobrados impostos apenas sobre os R$ 9.000 excedentes ao teto, de forma proporcional, além do pagamento do DAS.
Essa medida visa evitar que os MEIs precisem mudar para um regime tributário mais complexo e oneroso quando excederem um pouco o limite de faturamento. Atualmente, se o faturamento ultrapassar R$ 81.000 por ano, o empreendedor deve migrar para a próxima faixa do Simples Nacional, o regime de Microempresa, com um faturamento de até R$ 360.000 e uma carga tributária maior.
Ademais, a proposta de proteção para beneficiários do Bolsa Família que desejam se tornar MEIs é um importante passo para incentivar o empreendedorismo e proporcionar uma transição mais suave para essas famílias. O acompanhamento e orientação durante os dois primeiros anos após a formalização como MEI podem ser essenciais para o sucesso desses empreendedores.
Além disso, a criação de uma nova política de transição para Microempresa, simplificando a gestão tributária e evitando burocracias excessivas, é uma medida que pode impulsionar o crescimento dos MEIs e contribuir para a economia do país.
É fundamental que o Ministério do Empreendedorismo avalie cuidadosamente essas propostas e trabalhe em conjunto com outros órgãos governamentais para implementar políticas efetivas que promovam o empreendedorismo e o desenvolvimento econômico, garantindo o apoio necessário para os beneficiários do Bolsa Família que desejam se tornar MEIs.
Dessa forma, será possível criar um ambiente favorável ao crescimento dos empreendedores brasileiros e à redução da desigualdade social.