A discussão acerca da abertura do comércio aos domingos e feriados tem sido pauta central em uma audiência pública realizada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados, onde a preocupação com a insegurança jurídica e seu reflexo nas vendas natalinas foram os temas dominantes.
A CLT e o debate sobre comércio aos domingos e feriados: insegurança jurídica preocupa setor e impacta vendas de Natal
Essa temática ganhou relevância após a revogação, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), de uma portaria do governo anterior, que concedia autorização permanente para o trabalho nesses dias, abrangendo diversas atividades comerciais.
Revogação da portaria e adiamento dos efeitos
Posteriormente à revogação da portaria, o Ministério, diante da repercussão negativa, decidiu adiar os efeitos da nova portaria para março de 2024. Em suma, esta ação busca um tempo adicional para a busca de um consenso entre trabalhadores e empresas em relação ao tema.
Ausência de debates prévios e críticas ao processo
A deputada Daniela Reinehr (PL-SC), proponente da audiência, criticou a falta de debate prévio do governo com trabalhadores e empregadores. Resumidamente, ela expressou sua preocupação com a ausência de considerações, especialmente num período em que o consumo naturalmente aumenta.
O parlamentar Saulo Pedroso (PSD-SP) também expressou sua reprovação à medida, ressaltando a urgência de transparência por parte do governo em suas propostas e censurando a maneira como a portaria revogadora foi divulgada imediatamente antes do feriado de 15 de novembro.
Urgência de suspensão e estabilidade jurídica
O deputado Luiz Gastão (PSD-CE), autor do projeto de suspensão da portaria do MTE, defendeu a necessidade de um prazo para negociações entre empregados e empregadores. Segundo ele, a ausência desse período de diálogo foi um erro por parte do Ministério.
Antônio Lisboa, advogado da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), destacou que a portaria trouxe instabilidade jurídica. Enquanto a legislação já contemplava a autorização do trabalho aos domingos e feriados, desde que observadas as normativas municipais e convenções coletivas.
Tecnologia e necessidade de regulamentação
Pablo Rolim Carneiro, gerente de assuntos trabalhistas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), defendeu a necessidade de uma lei que regulamente de maneira definitiva o funcionamento do comércio e da indústria. Assim, considerando as mudanças tecnológicas recentes que demandam uma operação contínua.
Resgate da negociação coletiva
Zilmara David de Alencar, assessora jurídica da Fecomerciários-SP, destacou que a decisão do MTE resgata a importância da negociação coletiva, salientando que qualquer alteração na jornada de trabalho deve ser previamente discutida entre trabalhadores e empregadores, especialmente no que tange à saúde e segurança.
Desse modo, ela enfatizou que a autorização para o trabalho nos domingos e feriados é uma questão típica dessa negociação entre as partes envolvidas.
Certamente, o debate em torno da abertura do comércio em dias atípicos como domingos e feriados permanece complexo, envolvendo não apenas questões legais e trabalhistas, mas também impactos significativos no setor econômico.
Contudo, a busca por um equilíbrio entre as necessidades do mercado e a garantia dos direitos dos trabalhadores continua sendo um desafio central nessa discussão.
O comércio em tempos natalinos
O período natalino sempre foi marcado por um aumento considerável no comércio, impulsionado pelo espírito festivo e pela busca por presentes e produtos para as comemorações. No entanto, nos últimos anos, o debate sobre a abertura do comércio aos domingos e feriados tem dominado as discussões, influenciando diretamente as estratégias de vendas das empresas.
A estabilidade jurídica é crucial para o empresariado, que busca investir com segurança e planejar suas estratégias de vendas. A legislação já contempla a autorização para trabalho aos domingos e feriados, desde que observadas as normativas municipais e acordos coletivos. A instabilidade provocada por revogações e mudanças repentinas gera preocupações legítimas no setor.