O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é uma assistência financeira concedida pelo governo brasileiro a pessoas com deficiência ou idosos com 65 anos ou mais que tenham baixa renda. Uma questão que surge com frequência é se alguém que recebe o BPC pode, ao mesmo tempo, ser um Jovem Aprendiz, que é um programa de emprego para jovens em idade escolar.
O Que é o BPC?
Antes de mais nada, o BPC é parte da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e garante um salário mínimo mensal para indivíduos com deficiência ou idosos que atendam a critérios específicos de renda e incapacidade de autossustento. A saber, a principal condição para o benefício é que a renda familiar per capita não ultrapasse 1/4 do salário mínimo. Vale ressaltar que o Benefício de Prestação Continuada não é uma aposentadoria, nem exige contribuição ao INSS.
O Que é o Programa Jovem Aprendiz?
De antemão, o programa Jovem Aprendiz, previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tem como objetivo promover a inserção de jovens no mercado de trabalho, permitindo que empresas contratem adolescentes e jovens adultos entre 14 e 24 anos como aprendizes. A duração do programa é limitada a dois anos, e o aprendiz recebe formação teórica em instituições parceiras e experiência prática na empresa.
BPC e Jovem Aprendiz: Conflitos e Soluções
Há uma preocupação legítima sobre a possibilidade de um jovem que recebe o BPC perder o benefício se participar do programa Jovem Aprendiz. Aliás, a legislação atual estabelece que qualquer renda adicional ao BPC pode influenciar a renda familiar per capita, e se ultrapassar 1/4 do salário mínimo, o benefício pode ser suspenso ou cancelado.
No entanto, há uma flexibilização na regra para beneficiários do BPC que ingressam no mercado de trabalho. A Lei Brasileira de Inclusão (LBI), Lei nº 13.146/2015, permite que pessoas com deficiência que recebem o BPC possam trabalhar sem perder o benefício por um período de quatro anos, desde que retornem ao estado anterior de renda ao final do emprego.
Embora a LBI facilite a reinserção no mercado de trabalho, essa disposição não é automaticamente aplicável ao caso do Jovem Aprendiz. Portanto, o risco de perda do benefício para beneficiários do BPC que participam do programa Jovem Aprendiz ainda é considerável. Por essa razão, é recomendável obter informações e orientações detalhadas do INSS ou de um profissional especializado em assistência social ou direito previdenciário antes de decidir participar do programa Jovem Aprendiz.
Cálculo da Renda Familiar Per Capita
Em resumo, o Benefício de Prestação Continuada é concedido a famílias cuja renda familiar per capita não ultrapasse 1/4 do salário mínimo. O cálculo da renda familiar inclui todas as formas de renda recebidas pelos membros da família, como salários, aposentadorias e pensões. Por isso, quando um jovem que recebe o BPC entra no programa Jovem Aprendiz, o salário recebido pode aumentar a renda familiar, impactando a elegibilidade para o BPC.
Requisitos para Participação no Programa Jovem Aprendiz
O programa Jovem Aprendiz está aberto a jovens entre 14 e 24 anos que estejam estudando ou tenham concluído o ensino médio. As empresas contratam aprendizes para trabalhar por um período de até dois anos, com carga horária reduzida e orientação prática em conjunto com treinamento teórico.
Risco de Perda do BPC
Antecipadamente, se um jovem que recebe o Benefício de Prestação Continuada ingressa no programa Jovem Aprendiz, o INSS pode recalcular a renda familiar per capita para determinar se ainda atende ao critério de elegibilidade para o benefício. Se a renda ultrapassar o limite de 1/4 do salário mínimo, o benefício poderá ser suspenso ou cancelado.
Lei Brasileira de Inclusão (LBI)
A LBI, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, trouxe mudanças significativas para a inclusão no mercado de trabalho. Uma das mudanças foi a possibilidade de pessoas com deficiência que recebem o BPC trabalharem por até quatro anos sem perder o benefício, com uma suspensão temporária do pagamento. Sendo assim, se a relação de trabalho terminar e a renda familiar per capita retornar ao limite permitido, o benefício do BPC pode ser retomado. No entanto, é importante destacar que essa regra não se aplica a todos os casos, especialmente no caso de idosos que recebem o BPC.
Recomendação para Consulta ao INSS
Antes de aceitar uma vaga no programa Jovem Aprendiz, os beneficiários do BPC devem consultar o INSS ou um especialista em assistência social ou direito previdenciário para avaliar como a renda do programa afetará o cálculo da renda familiar per capita. Cada situação é única, e a decisão de ingressar no mercado de trabalho deve ser tomada considerando as possíveis implicações para o BPC.