Imagine possuir uma pequena fortuna guardada em algum lugar, mas simplesmente não saber onde ela está. Essa é a realidade de milhões de brasileiros que ainda não resgataram valores significativos esquecidos no sistema financeiro nacional.
Conforme dados recentes do Banco Central (BC), um total impressionante de R$ 8,02 bilhões em recursos permanece não reclamado por seus legítimos donos.
O Sistema de Valores a Receber (SVR), uma iniciativa do BC para devolver esses fundos aos seus proprietários, já restituiu R$ 6,54 bilhões desde seu lançamento em fevereiro de 2022.
No entanto, esse montante representa apenas uma fração dos R$ 14,56 bilhões disponíveis pelas instituições financeiras por meio do programa.
Estatísticas
Os números por trás dessa situação são verdadeiramente surpreendentes. Até o final de março deste ano, apenas 19.842.315 correntistas, ou 31,1% do total de 63.800.451 incluídos na lista do SVR, haviam resgatado seus valores esquecidos. Desse grupo, 18.720.053 eram pessoas físicas e 1.122.262 eram pessoas jurídicas.
Por outro lado, a esmagadora maioria – 40.746.526 pessoas físicas e 3.211.610 pessoas jurídicas – ainda não realizou o resgate de seus recursos.
Essa inércia financeira é particularmente intrigante quando se considera que a maioria desses indivíduos e empresas têm direito a pequenas quantias, com 63,54% dos beneficiários possuindo valores de até R$ 10 a receber.
Relançamento e Melhorias
Após quase um ano, o SVR foi relançado em março de 2023 com diversas melhorias significativas. Novas fontes de recursos foram incorporadas, incluindo contas de pagamento pré ou pós-pagas encerradas, contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas, e outros recursos disponíveis para devolução.
Além disso, o novo sistema oferece maior transparência e conveniência aos usuários. Uma sala de espera virtual permite que todos os interessados façam consultas no mesmo dia, sem a necessidade de agendamento prévio.
Outra novidade é a possibilidade de consulta e resgate de valores pertencentes a pessoas falecidas por herdeiros, testamentários, inventariantes ou representantes legais.
O Banco Central (BC) tem se empenhado em tornar o processo de resgate dos valores esquecidos o mais simples e seguro possível.
Todas as etapas são gratuitas, e o órgão esclarece que não envia links nem entra em contato com os cidadãos para tratar sobre valores a receber ou confirmar dados pessoais.
No entanto, é fundamental estar atento a possíveis golpes perpetrados por estelionatários que se passam por intermediários em supostos resgates.
O BC adverte que somente a instituição financeira que aparece na consulta do SVR pode entrar em contato com o cidadão e que nunca solicita o fornecimento de senhas ou outras informações confidenciais.
Como verificar e resgatar os valores?
Se você suspeita que possa ter dinheiro esquecido no sistema financeiro, siga estes passos simples para verificar e resgatar seus valores:
- Acesse o site oficial do Sistema de Valores a Receber (SVR).
- Informe seu CPF ou CNPJ para realizar a consulta.
- Consulte os valores disponíveis para resgate vinculados ao seu documento.
- Caso identifique recursos disponíveis, selecione a instituição financeira correspondente.
- Siga as instruções fornecidas pela instituição para solicitar o resgate dos valores.
Lembre-se de que todo o processo é gratuito e não exige o fornecimento de senhas ou informações bancárias confidenciais.
De onde vêm esses valores esquecidos?
O Sistema de Valores a Receber (SVR) engloba uma variedade de fontes, incluindo:
- Contas correntes ou poupanças encerradas: Saldos remanescentes de contas fechadas pelos clientes.
- Cotas de capital e rateio de sobras líquidas: Recursos devidos a ex-participantes de cooperativas de crédito.
- Grupos de consórcio encerrados: Valores não procurados de grupos de consórcio finalizados.
- Tarifas indevidas: Cobranças de tarifas feitas indevidamente pelas instituições financeiras.
- Operações de crédito: Parcelas ou despesas de empréstimos cobradas incorretamente.
Essas fontes representam uma diversidade de situações em que os recursos podem ter sido esquecidos ou não reivindicados pelos seus legítimos donos.