Interrupções no sistema da Previdência Social, responsável pelo pagamento de aposentadorias, pensões e auxílios a mais de 39 milhões de pessoas, causam frequentes transtornos aos trabalhadores e segurados.
Entre janeiro de 2023 e abril de 2024, foram registradas 164 falhas que interromperam os serviços do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Cada queda do sistema prejudica milhões de beneficiários, atrasando e comprometendo a análise de solicitações, pagamentos e outros serviços.
Confira a seguir mais detalhes sobre as falhas que deixam o meu INSS fora do ar, os impactos dessas interrupções sistemáticas e as ações do órgão para melhorar os serviços prestados.
Sistemas do INSS acumulam falhas
Desde o ano passado, os sistemas do INSS registraram 164 falhas. Pesquisas frequentes como “Aplicativo Meu INSS não entra” e “Meu INSS: não consigo entrar” refletem a frustração dos usuários dos serviços online oferecidos pelo órgão.
Entre janeiro de 2023 e abril de 2024, foram identificadas 164 falhas nos diversos sistemas do INSS. Esses erros somaram um total de dois meses, 13 dias e 36 minutos de indisponibilidade em pouco mais de um ano, segundo matéria do GLOBO.
Cada queda do sistema impacta milhares de pessoas que buscam serviços variados, como solicitações de benefícios e consultas a documentos.
Cerca de 3,4 milhões de processos, representando 13,4% do total concluído, foram afetados por falhas no sistema, resultando em atrasos e agravando a já problemática fila de espera do INSS.
Impactos do INSS fora do ar
Grande parte dos serviços oferecidos pelo INSS são administrados pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev).
As falhas registradas ocorrem em diversos sistemas utilizados pelo órgão, principalmente na análise e concessão de benefícios.
A duração média de cada falha foi de 10 horas e 53 minutos, resultando em impactos significativos. Essas interrupções constantes afetam o portal Meu INSS, os resultados de perícia, o processo de análise de aposentadorias e a consulta de dados no INSS.
Meu INSS e telefone 135
Segundo a matéria do GLOBO, o sistema que mais apresenta problemas é o Gerenciador de Tarefas (GET) do Meu INSS, que suporta serviços do site e aplicativo Meu INSS e a central telefônica 135.
Este sistema registrou o maior número de falhas, totalizando 50 panes durante o período analisado, embora essas falhas tenham menor duração.
O Meu INSS permite o acesso a documentos como extratos de contribuição, pagamento, histórico de créditos, PIS/PASEP, entre outras informações.
Além disso, o Meu INSS facilita o acompanhamento de solicitações, como pedidos de benefícios, alterações cadastrais e outros requerimentos feitos pelos segurados.
Consulta do histórico de contribuições CNIS
O Meu INSS é amplamente utilizado para a consulta de dados, incluindo o extrato de contribuições e o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS).
No entanto, este sistema frequentemente apresenta falhas, impedindo temporariamente milhares de trabalhadores de acessar seu histórico de contribuições.
O CNIS é uma das principais fontes de dados trabalhistas, contendo detalhes sobre as contribuições realizadas pelos cidadãos. Apesar de sua importância, é um dos sistemas mais problemáticos, com a segunda maior frequência de interrupções sistemáticas, registrando 20 falhas no período estudado.
Pedidos de benefícios
A solicitação de aposentadorias, pensões, auxílios e outros benefícios é significativamente impactada pelas falhas nos sistemas.
O Sistema Nacional de Informações de Registro Civil (SIRC), responsável pela concessão do salário-maternidade, foi o mais afetado, ficando fora do ar por quase 20 dias ao somar todas as falhas.
Outro sistema frequentemente afetado é o Prisma, que gerencia pedidos de aposentadorias e pensões.
O Sistema Integrado de Benefícios (SIBE), que processa requerimentos do Benefício de Prestação Continuada (BPC), também é periodicamente prejudicado pelas falhas.
INSS diz que tem investimento assegurado para melhorar as operações
Essas falhas nos sistemas do INSS agravam a situação da fila de concessão de benefícios.
Embora o Programa de Enfrentamento à Fila da Previdência Social (PEFPS) tenha mostrado resultados positivos na redução do tempo médio para análise e concessão de benefícios, as falhas nos sistemas impedem melhorias ainda maiores.
Atualmente, a fila do INSS conta com 4,49 milhões de segurados aguardando análise de benefícios, incluindo pedidos de recurso devido à recusa inicial.
Um destaque na fila de espera é o seguro-desemprego para pescadores artesanais, com 861.635 pedidos pendentes.
Além disso, há diversos outros requerimentos aguardando resposta, como revisões de aposentadoria, atualizações e correções cadastrais, demandas judiciais e certidões de contribuição.
Segundo o INSS, os recursos para melhorar o atendimento estão assegurados. “Os investimentos para melhorar a gestão e dar mais eficiência nos gastos da Previdência Social estão garantidos pelo governo, que tem se empenhado intensamente para melhorar a qualidade do gasto”, afirmou o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, em nota ao GLOBO.
O Ministério da Previdência Social também informou que está tomando medidas para acelerar as decisões do Conselho de Recursos.
“É tão importante reduzir o tamanho da fila quanto analisar os processos com eficiência”, afirmou Diego Cherulli, diretor do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), destacando a necessidade de dados que ilustrem a dimensão do problema.