Os cibercriminosos estão cada vez mais sofisticados em suas táticas para aplicar golpes financeiros. Compreender seus padrões de atuação e adotar medidas preventivas é crucial para evitar prejuízos. Confira os horários e dias preferidos pelos fraudadores, os tipos de golpes mais comuns e fornece dicas valiosas para aumentar sua segurança online e proteger seus dados pessoais.
Golpes Bancários: Dias e Horários de Pico para Fraudes Bancárias
Segundo o relatório “Fraud Report idwall Financeiro” de 2024, os estelionatários têm preferência por determinados períodos para realizar tentativas de fraudes bancárias. Segundo a análise, as madrugadas de segunda-feira e as noites de terça-feira são os momentos mais visados pelos criminosos.
Em 2023, os horários prediletos eram as madrugadas de terça e sábado, indicando uma mudança nas estratégias dos golpistas. Essa variação demonstra a necessidade constante de vigilância e adaptação às novas táticas empregadas pelos fraudadores.
Prevalência de Golpes Financeiros
Os golpes financeiros representam uma parcela significativa das fraudes cometidas, superando em 2,4 vezes as demais modalidades, conforme revelado pela empresa idwall. Essa estatística alarmante reforça a importância de estar atento e adotar medidas preventivas adequadas.
Segundo a Serasa, quatro em cada dez brasileiros foram vítimas de golpes financeiros neste ano. Daqueles que sofreram perdas, 57% tiveram um prejuízo médio de R$ 2.288, um valor considerável que pode impactar significativamente a vida financeira das vítimas.
Tipos de Fraudes Bancárias Mais Comuns
Embora os golpistas estejam constantemente inovando em suas abordagens, algumas modalidades de fraudes bancárias se destacam como as mais recorrentes. Entre elas, estão:
Fraudes em Cartões de Crédito
As fraudes envolvendo cartões de crédito são uma das principais ameaças aos consumidores. Os criminosos podem obter acesso indevido aos dados dos cartões e realizar compras ou saques não autorizados, causando prejuízos financeiros substanciais.
Pagamentos de Boletos ou Pix Falsos
Outra prática comum é a emissão de boletos ou códigos Pix falsos, enganando as vítimas a realizar pagamentos indevidos. Esses golpes podem ser disseminados por meio de mensagens enganosas ou sites fraudulentos.
Comunicação Fraudulenta
Os golpistas também se aproveitam de canais de comunicação, como ligações telefônicas, mensagens de texto, e-mails ou redes sociais, para obter informações pessoais e bancárias das vítimas. Essas táticas, conhecidas como engenharia social, exploram a confiança e a boa-fé dos consumidores.
Fraudes Documentais: Foco em Adulterações
O relatório da idwall também abordou as fraudes documentais, que envolvem a adulteração de documentos de identidade. Nesse contexto, a foto e os furos feitos na carteira de identidade foram apontados como os elementos mais comumente adulterados, representando 90% das fraudes cometidas em Registros Gerais (RGs).
Aumento de Fraudes Complexas
Embora a taxa geral de fraudes tenha registrado uma queda de 40% entre 2024 e 2023, segundo a idwall, as fraudes de alta e média complexidade aumentaram em 19% e 16%, respectivamente. Isso indica que os golpistas estão adotando técnicas mais sofisticadas e elaboradas para driblar os sistemas de segurança.
Migração para Pessoas Físicas como Alvo
De acordo com Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), os golpistas migraram para a “ponta mais frágil do sistema, que é a pessoa física”. Isso ocorre devido aos avanços nos aparatos de segurança implementados pelos bancos, com um investimento previsto de R$ 4,7 bilhões em cibersegurança em 2024.
Esquemas Simples e Engenharia Social
Apesar dos avanços tecnológicos, os criminosos continuam atuando com esquemas simples e reproduzíveis em larga escala no meio digital. Além disso, eles utilizam técnicas de engenharia social, como ligações de falsas centrais telefônicas, mensagens enganosas por e-mail, redes sociais ou WhatsApp, e sites fraudulentos.
Transações Digitais: Novo Foco de Segurança
No Brasil, oito em cada dez transações bancárias são realizadas por meio de aplicativos de banco em celular, internet banking ou aplicativos de mensagens como o WhatsApp, segundo a Febraban. Entre 2019 e 2023, as transações feitas por meio de smartphones cresceram 251%.
Nesse cenário, Alexandre Nery, gerente executivo da Serasa, afirma que “hoje o foco de segurança é na esfera de dispositivos [celulares], que são quase como uma identidade”. Ele ressalta a importância da proteção em camadas, que consiste em combinar diversas tecnologias de proteção, como uso de biometria, verificação de documentos e checagem de outros dados.
Dicas de Segurança para Evitar Fraudes Bancárias
Para aumentar a segurança e evitar cair em golpes bancários, algumas boas práticas são incentivadas para a população:
- Desconfiar de Ligações que Peçam Informações Pessoais ou Bancárias: É fundamental desconfiar de qualquer ligação que solicite informações pessoais ou bancárias. Os bancos legítimos nunca pedem esses dados por telefone ou outros canais não oficiais.
- Verificar a Autenticidade de Mensagens e Ligações: Antes de tomar qualquer ação, é essencial verificar a autenticidade de mensagens e ligações que prometem grandes negócios ou que tenham caráter de urgência, seja por WhatsApp, e-mail ou redes sociais.
- Identificar Sinais de Fraude: Erros ortográficos ou endereços diferentes dos canais oficiais são indicativos comuns de fraude. Além disso, não é recomendado baixar aplicativos de fora das lojas oficiais da Apple e do Android.
- Restringir a Circulação de Imagens e Áudios Pessoais: Para se prevenir do risco de ser clonado na internet, é recomendado restringir a circulação de imagens e áudios pessoais. Uma opção é tornar a conta privada e limitar a visualização de posts a amigos. Outra é evitar publicar informações sensíveis.
Outras Dicas Importantes
- Não digite ou comunique suas senhas em qualquer circunstância que não o aplicativo oficial do banco.
- Ative a geolocalização dos aplicativos de bancos, de entregas e do próprio celular.
- Ative a autenticação de dois fatores no WhatsApp.
- Faça o máximo de transações de casa, de preferência conectado ao Wi-Fi do domicílio.
- Baixe os aplicativos de bancos apenas diretamente da Play Store ou da Apple Store.
- Não clique em links enviados como se fossem do banco.
- Reduza os limites de transações quando estiver fora de casa e em horários inusitados.
- Tenha diligência na escolha do banco.
- Não permita que contatos não adicionados vejam sua foto no WhatsApp.
- Evite usar fotos de rosto em redes sociais abertas, como no perfil de WhatsApp.
- Comunique-se com o banco apenas via canais oficiais.
Golpes Bancários Comuns
Embora os golpistas estejam constantemente inovando, alguns golpes bancários se destacam como os mais recorrentes. Vamos explorar alguns deles:
Golpe do Pix
Um golpe comum neste ano desvia o dinheiro do Pix pelo celular quando o cliente vai realizar uma transferência bancária. Esse vírus, conhecido como “mão fantasma”, já fez mais de 6.300 vítimas no Brasil desde janeiro deste ano, segundo dados da Kaspersky, empresa de segurança online.
A ação dos golpistas ocorre por meio do sistema ATS (sigla em inglês para automated transfer system), após o consumidor baixar algum aplicativo infectado com o trojan, um tipo de vírus também conhecido como cavalo de Troia. Os cibercriminosos entram no celular da vítima quando ela baixa algum aplicativo infectado ou clica em links duvidosos. Aplicativos de jogos, por exemplo, estão entre os vetores identificados para a disseminação desse novo vírus.
Roubo de Identidade no Instagram com Inteligência Artificial
Os estelionatários, após invadir contas em redes sociais, estão usando inteligência artificial (IA) para clonar traços e vozes das vítimas e publicar vídeos falsos, a fim de aplicar novos golpes. Essa tecnologia, conhecida como deepfake, está se tornando cada vez mais acessível com a popularização de IAs generativas, como o ChatGPT.
Os criminosos usam como isca investimentos com retornos financeiros incríveis ou venda de móveis a preços impraticáveis, e certificam a oferta com a credibilidade da pessoa cujo perfil foi roubado. Hoje, bastam cinco minutos de áudio para copiar uma voz com qualidade aceitável.
Sites, E-mails e Mensagens Falsas
O golpe mais comum no Brasil é também o mais simples: sites e mensagens falsas que induzem a vítima a fazer pagamentos a criminosos. Essa prática, conhecida como phishing, é uma referência ao verbo “pescar” em inglês, já que há o uso de uma isca.
Os criminosos usam assuntos do momento, como o Bolsa Família, o programa de refinanciamento de dívidas Desenrola Brasil, Imposto de Renda ou oportunidades de emprego, a exemplo do Concurso Nacional Unificado que o governo irá realizar. Mesmo que a pessoa não faça uma transferência na ocasião, pode ceder informações sensíveis, permitindo a criação de contas laranja e a aplicação de golpes em conhecidos da vítima.
Ademais, proteger-se contra fraudes bancárias requer vigilância constante e adoção de medidas preventivas. Compreender os padrões de atuação dos golpistas, como os dias e horários preferidos, bem como os tipos de golpes mais comuns, é fundamental para evitar prejuízos financeiros e a exposição de dados pessoais.
Ao seguir as dicas de segurança apresentadas neste artigo, como desconfiar de ligações suspeitas, verificar a autenticidade de mensagens, restringir a circulação de informações pessoais e adotar práticas seguras de transações online, você estará dando um passo importante para se proteger contra os cibercriminosos.