A Câmara dos Deputados concluiu a análise da primeira proposta do pacote de controle das contas públicas apresentado pelo Ministério da Fazenda. O texto aprovado inclui medidas para conter o crescimento de benefícios fiscais e gastos com pessoal, além de revogar a recriação do seguro obrigatório de veículos terrestres (DPVAT). Esta decisão marca um passo significativo nos esforços do governo para equilibrar as contas públicas e implementar cortes de gastos necessários.
Principais pontos da proposta aprovada
Gatilhos para contenção de gastos
O texto aprovado estabelece “gatilhos” para conter o crescimento de benefícios fiscais e gastos com pessoal em caso de resultado negativo nas contas públicas. Esses mecanismos serão acionados a partir de 2025, caso seja registrado déficit primário no ano anterior.
Limitação de benefícios tributários
Em caso de déficit primário, ficará proibida a concessão, ampliação ou prorrogação de incentivos ou benefícios tributários. Esta medida visa controlar a expansão de gastos fiscais e contribuir para o equilíbrio das contas públicas.
Controle de gastos com pessoal
O projeto também estabelece limites para o aumento de gastos do governo com pessoal. Até 2030, estas despesas não poderão ter crescimento superior ao piso de reajuste das despesas permitido pelo arcabouço fiscal, que é de 0,6% ao ano acima da inflação.
Revogação do DPVAT
Uma das medidas mais polêmicas foi a revogação da recriação do DPVAT, agora denominado Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidente de Trânsito (SPVAT). Esta decisão foi tomada após intensos debates e negociações entre os parlamentares.
Impacto nas emendas parlamentares
Flexibilização do congelamento
O texto aprovado permite que o governo bloqueie o pagamento de emendas parlamentares, mas com algumas restrições. O congelamento será limitado às emendas não impositivas, que o governo não tem obrigação de pagar.
Limite de bloqueio
O Executivo poderá bloquear ou contingenciar até 15% do valor total previsto para emendas no Orçamento, seguindo a proporção de congelamento de outras despesas discricionárias e prioridades elencadas pelo próprio Congresso.
Utilização de fundos para redução da dívida
Superávit de fundos nacionais
Entre 2025 e 2030, o projeto prevê que o governo poderá abater a dívida pública com os saldos positivos de cinco fundos nacionais. Esta medida visa aproveitar recursos excedentes para diminuir o endividamento público.
Fundos incluídos
Os fundos incluídos nesta medida são o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), o Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset), o Fundo do Exército, o Fundo Aeronáutico e o Fundo Naval.
Perspectivas e próximos passos
Tramitação no senado
O texto aprovado pela Câmara seguirá agora para votação no Senado. A expectativa é que a proposta seja analisada com celeridade, dada a importância das medidas para o equilíbrio fiscal do país.
Projeções de economia
Com a totalidade das medidas propostas no pacote de controle das contas públicas, o governo projeta economizar R$ 375 bilhões até 2030. Este valor é considerado essencial para a estabilização da dívida pública e retomada do crescimento econômico sustentável.
A aprovação desta primeira proposta do pacote de cortes de gastos representa um marco importante nos esforços do governo para controlar as contas públicas. As medidas adotadas, que incluem a contenção de benefícios fiscais, controle de gastos com pessoal e flexibilização do congelamento de emendas parlamentares, demonstram um compromisso com a responsabilidade fiscal.
A revogação do DPVAT e a utilização de superávits de fundos nacionais para abatimento da dívida pública são ações que geraram debates intensos, mas que foram consideradas necessárias no contexto atual. A implementação bem-sucedida destas medidas será essencial para alcançar as metas de economia projetadas pelo governo e para restaurar a confiança dos investidores na gestão das finanças públicas brasileiras.
À medida que o projeto segue para o Senado, é esperado que novos debates surjam e possíveis ajustes sejam feitos. No entanto, o consenso geral é de que ações concretas para o controle de gastos são imprescindíveis para a saúde econômica do país a longo prazo. O desafio agora será equilibrar a necessidade de austeridade fiscal com a manutenção de investimentos essenciais e programas sociais importantes para a população brasileira.